Mary Banning (EUA, 1822-1903)
Bruxa, fedida, suja e “senhora cogumelo venenoso” (toadstool lady) foram alguns dos apelidos que Mary Banning colecionou, ao entrar nos bondes de Baltimore com os braços salpicados de terra e raízes, voltando de suas incursões no mato em busca de cogumelos. O mau cheiro provinha da massa pegajosa de esporos fúngicos sobre o chapéu dos cogumelos. Banning astutamente propôs que esse odor é o que atrai moscas e outros insetos responsáveis pelo transporte dos esporos, da mesma forma que uma abelha transporta pólen. Ela é autora de The Fungi of Maryland, manuscrito que completou em 1888, depois de 20 anos de pesquisa, considerado hoje o primeiro trabalho científico dedicado aos cogumelos estadunidenses. Entre os fungos descritos em seu manuscrito estão 23 espécies até então desconhecidas pela ciência. O rigoroso estudo ficou quase um século esquecido em uma gaveta do principal micologista da época, Charles Peck, com quem ela se correspondeu durante anos. Filha de uma família abastada que empobreceu após a morte do pai, ela era arrimo de família e nunca se casou. Morreu sozinha em um asilo na Virgínia. The Fungi of Maryland, com suas 175 impressionantes aquarelas, foi encontrado acidentalmente, atrás de um armário de taxidermia de galinhas, pelo curador de micologia do New York State Museum, John Haines, nos anos 1980. Banning morreu em 1903, sem qualquer reconhecimento.
Imagem: Retrato de Mary Banning, aos 81 anos, criado com inteligência artificial, a partir de imagens de arquivo da artista-cientista jovem. 50×76 cm, 2024.
Referências:
Ivry, Sara. “The Fungi-Mad Ladies of Long Ago.” JSTOR Daily, August 9, 2023. https://daily.jstor.org/the-fungi-mad-ladies-of-long-ago/.
Unturned Leaves – Online exhibitions across Cornell University Library. “Mary Elizabeth Banning,” April 10, 2019. https://exhibits.library.cornell.edu/unturned-leaves/feature/mary-elizabeth-banning.